OS COLONOS DA FAMÍLIA BRAND*
Imigrantes Brand - séculos XIX e XX
· Três irmãos Brand no Brasil – Petrópolis - Tupandi
· O Hunsrück de nossos antepassados
· Os imigrantes Brand do Hunsrück são parentes
Brand - e suas variantes Brandt e Brant - é um sobrenome de origem germânica, que aparece em várias regiões da Alemanha e também em outros países da Europa. A adoção de um sobrenome (ou nome de família) a ser transmitido aos descendentes foi introduzida progressivamente entre os povos de língua germânica a partir do século XIII. Contudo, em regiões agrárias o sobrenome só se tornou generalizado por volta dos séculos XVII e XVIII. Há duas hipóteses prováveis para a origem dos sobrenomes Brand e suas variantes em várias regiões. Em alguns casos ele pode ter sido derivado de nomes com a terminação “brand”, tais como Hildebrand, Gerbrand, Sibrand. Em outros casos, ele pode ter se referido a alguém que morava em um determinado local em que ocorreu uma queimada (prática que era comum na agricultura) ou um incêndio, Brand em alemão.
Imigrantes Brand - séculos XIX e XX
No Brasil, registra-se nos séculos XIX e XX a chegada de várias famílias Brand e Brandt e também de imigrantes que chegaram desacompanhados e eventualmente se casaram aqui. Em alguns casos a grafia do sobrenome sofreu alterações nos registros eclesiásticos e civis, tanto antes quanto após a imigração, podendo encontrar-se irmãos com o sobrenome grafado de forma diferente. Hoje, os sobrenomes Brand, Brandt e Brant podem ser encontrados em quase todos os estados deste país. Entretanto, é importante ressaltar que fazem parte da família todos os descendentes, incluindo aquelas pessoas que já não tenham estes sobrenomes.
Em Petrópolis-RJ chegam, no final de 1845 ou início de 1846, Johann Nikolaus Brand e seu irmão Johann Adam Brand com a esposa e cinco filhos. O irmão deles, Christoph Brand, pode ter vindo também para Petrópolis ou ter vindo mais tarde direto para o Rio Grande do Sul (vide tópico Três irmãos Brand no Brasil – Petrópolis-Tupandi). Registra-se ainda a vinda a Petrópolis de seu parente Joseph Anton Brand, viúvo, e seus cinco filhos. Vieram todos do Hunsrück (vide tópico Os imigrantes Brand do Hunsrück são parentes).
No Rio Grande do Sul, registra-se em 13.11.1846 a chegada de Felipe Brandt com sua esposa Felippina e os filhos Felipe Jacó Brandt, Felippina Brandt, Jorge Adão Brandt e Henrique Brandt. Posteriormente, registra-se a entrada de Henrique Brand em 26.02.1859 e de João Brand em 18.09.1860. Ernest Brandt e sua esposa Margarida Hermann e os filhos Carl Brandt, Christian Brandt, Frederico Brandt, Elisabetha Brandt, Mathilde Brandt, Ernestina Brandt e Florentina Brandt, naturais de Mecklenburg-Schwerin, se estabeleceram na colônia Mundo Novo e posteriormente em Linha Formoso. Em Feliz estabeleceu-se Joseph Brand e sua esposa Margaretha Zerwes (vide tópico Os imigrantes Brand do Hunsrück são parentes).
Em Santa Catarina registram-se imigrantes Brand e Brandt em várias colônias, tais como São Pedro de Alcântara, Vargem Grande, Teresópolis, Santa Isabel, Armação da Piedade, Joinville, São Bento do Sul, Brusque. Registra-se em São Pedro de Alcântara Maria Angela Brand casada com Heinrich Bohnen. Heinrich Gustav Brand estabeleceu-se na Colônia Teresópolis, no atual município de Águas Mornas com a esposa e os filhos Barbara Brand, Ludwig Brand, Margaretha Brand e Nikolaus Brand. Johann Christoph Brand casou-se com Maria Basília Sagaz e morou inicialmente na Armação da Piedade, vindo a estabelecer-se posteriormente em Brusque (vide tópico Os imigrantes Brand do Hunsrück são parentes). Em Brusque registra-se também Johannes Brand casado com Helene Becker. Oswaldo Brand casou-se em São Bento do Sul com Paulina Luiza, ambos naturais da Alemanha. Em Joinville registram-se diversos imigrantes Brand e Brandt: Friedrich Brandt chegou e foi embora em 1852; Hein Brandt chegou em 1856 proveniente de Horst, Prússia; Fr. Brandt, sua esposa Caroline e o filho Julius Brandt chegaram em 1856 provenientes de Pieritz; Dorothea Brandt, natural da Prússia, chegou em 1863; Heinrich Brandt, prussiano, chegou em 1869; Hans Brandt, sua mulher Christiane e sua parente Christiane chegaram em 1872 procedentes de Kolding, Dinamarca; Hermann Brand ou Brandt chegou em 1879 proveniente de Lutzig, Pommern; Ferdinand Brand, sua esposa Emma e os filhos Hermann Brand, Heinrich Brand, Paul Brand, Gustav Brand e Julius Brand aportaram em 1880 procedentes de Weisstein, Schlesien; Carl Brand, com Max, Richard, Eduard, e a mulher Anna com os filhos Ernst, Helene, Kurt, Margarethe e Carl chegaram em 1881; Georg Bernhard Albert Brandt e sua esposa Sophie Bertha Bachtold; Richard Brand, sua esposa Caroline Beckh e filhos, entre eles Rudolph Conrad Brand chegaram em 1883; Robert Brandt em 1885; Ernst Brandt chegou em 1888 procedente de Rüstlihausen, Prússia; Alexander Brand em 1889; Fritz Brand chegou em 1890 procedente de Gernsheim, Hessen; Catharina Brands procedente de Recklinghausen.
Fritz Brandt, nascido em Blankenese, Holstein chegou ao Brasil através do porto de Recife e estabeleceu-se na cidade de Mirador no Maranhão, onde se casou com Andreina de Almeida e Silva. Registra-se em 1880 a vinda de Fritz Brand, também proveniente de Blankenese, para o Rio de Janeiro. Richard Ambrosius Brand chegou na década de 1880. Alfred Brandt e Dorette Evers, procedentes de Hannover, desembarcaram no porto do Rio de Janeiro em 1910 com os filhos Helmuth Brandt, Alfred Brandt, Maria Arnoldina Brandt, Dora Mirna Brandt e se estabeleceram na cidade de São Paulo. Herbert Ludwig Adolf Brand veio para o Brasil por volta de 1925 e se estabeleceu no Rio de Janeiro, onde se casou com Izar Teixeira. Seu irmão Kurt Brand já residia em Mogi das Cruzes-SP. Sua irmã Gertrud Brand chegou em 1927 em São Paulo. Eram provenientes da região de Grossenhain e Mittweida, Sachsen. Renate Katharina Brandt veio de Wohnste em 1986.
Esta lista de imigrantes provavelmente não está completa. Se seus antepassados imigrantes não estão incluídos, por favor, envie-nos suas informações.
A família Caldeira Brant encontra-se no Brasil desde o século 18, proveniente de Portugal, e muitos descendentes hoje portam apenas o sobrenome Brant. Na verdade, esta família descende do belga Jan van Brabant (filho de Paul van Brabant e Cornelia Keteler), que se naturalizou português com o nome de João Caldeira Brant.
Três irmãos Brand no Brasil – Petrópolis - Tupandi
Johann Adam Brand (naturalizado Adão Brand e mais conhecido como Adão Brand I em Petrópolis), Johann Nikolaus Brand (naturalizado João Nicolau Brand) e Christoph Brand (naturalizado Christóvão Brand) nasceram em Reckershausen, na região do Hunsrück, filhos do casal Adam Brand (1786-1846) e Anna Catharina Kunz (1785-1825. A mãe havia falecido no parto de Christoph, o pai falecerá, também em Reckershausen, pouco mais de um ano após a emigração dos filhos. Estes vieram para trabalhar nas obras de construção da cidade e do palácio imperial de Petrópolis.
Em 1830 Dom Pedro I comprara a Fazenda Córrego Seco no alto da Serra da Estrela como estância de veraneio e pretendia construir ali o Imperial Palácio da Concórdia. Com sua abdicação ao trono em 1831 e sua morte em 1834, as terras passaram para seu filho. Por um decreto de 1843, D. Pedro II arrenda as terras para o major e engenheiro Júlio Frederico Koeler, incumbindo-o da construção do Palácio Imperial, da urbanização de uma Vila Imperial com prazos de terra a serem aforados a particulares, da edificação da igreja dedicada a São Pedro de Alcântara e de um cemitério. Com a aquisição de várias outras fazendas, a área restante da Imperial Colônia de Petrópolis seria destinada à criação de uma colônia agrícola alemã, que deveria prover o palácio e a povoação imperial e também abastecer de produtos agrícolas a corte e a cidade do Rio de Janeiro.
Natural da cidade de Mainz, ainda jovem Koeler ingressara no exército prussiano. Imigrou em 1828, contratado para servir no exército imperial do Brasil. Naturalizado brasileiro, realizou importantes obras públicas na província do Rio de Janeiro, como a construção de aquedutos, edifícios públicos, pontes e estradas. Ele elaborou a planta da povoação-palácio de Petrópolis, um planejamento urbanístico complexo e detalhado para uma cidade a ser erguida entre montanhas, aproveitando o curso dos rios para traçar às suas margens as avenidas e ruas que davam acesso aos prazos de terra que, por sua vez, davam fundos para as matas a serem preservadas nas encostas. O projeto seria executado com recursos públicos e da iniciativa privada mediante a venda de ações da Companhia de Petrópolis na recém-criada Bolsa de Valores, assim possibilitando a contratação de trabalhadores livres, que Koeler preferia à mão-de-obra escrava em suas obras. Petrópolis seria erguida com o trabalho dos colonos germânicos.
Em junho de 1844 a província do Rio de Janeiro contratou com a Casa Charles Delrue & Comp. da cidade portuária de Dunquerque, França, o agenciamento e transporte de 600 famílias de colonos. Estes deveriam ter entre 18 e 40 anos, “ser robustos e bem morigerados (ser educados e ter bons costumes), além de serem hábeis nos ofícios de carpinteiro, ferreiro, pedreiro, canteiro, cavouqueiro e trabalhadores de estradas. As ferramentas obrigatoriamente deveriam estar incluídas nas bagagens.” Foi assim que, entre 13 de junho e 08 de novembro de 1845, chegaram ao Rio de Janeiro 13 navios trazendo 2.318 pessoas provenientes da Renânia, então uma província do reino da Prússia (Preussen). Destas, 106 pessoas pediram para serem assentadas no Rio Grande do Sul, onde já tinham parentes, 26 pessoas permaneceram na cidade do Rio de Janeiro, 75 pessoas faleceram antes de chegarem à terra prometida em Petrópolis, onde afinal foram assentadas 569 famílias, totalizando 2.111 pessoas.
Em um jornal da época, especializado em emigração, ficamos sabendo que os agentes de Charles Delrue teriam feito promessas falsas, entre elas a total gratuidade da passagem quando, na verdade, o governo fluminense estava apenas antecipando o valor do pagamento que seria depois descontado dos trabalhadores na proporção de 1/4 a 1/6 dos seus vencimentos, a depender do tamanho da família. Com esta e outras promessas falsas, a empresa não apenas teria agenciado um número muito superior de migrantes, como também embarcado, no espaço de três meses, os trabalhadores que eram esperados no Brasil ao longo de vários anos. Apenas entre 20 e 26 de julho chegaram ao Rio de Janeiro 1.011 pessoas. Isto criou sérios problemas devido à falta de alojamentos, à necessidade de ocupar tantos trabalhadores de imediato e, além disso, faltava medir e demarcar a quase totalidade dos terrenos. O governo brasileiro ainda tentou suspender novos embarques, mas, até que a ordem chegasse à França, outras sete embarcações haviam zarpado.
Quando em agosto de 1846 as autoridades francesas anunciaram que não haveria mais embarques por conta do governo brasileiro, outras centenas de pessoas empobrecidas aguardavam o embarque no porto de Dunquerque. Como não tinham recursos para custear a passagem e não tinham para onde voltar, ao recorrerem ao cônsul da Prússia naquela cidade, este teria respondido que “tinham deixado de ser cidadãos prussianos e por isso não tinham direito à sua intervenção”. De fato, os emigrantes prussianos tinham de abrir mão de sua nacionalidade, o que significava que eles agora não eram cidadãos de parte alguma. Finalmente, o governo francês teria lotado três navios de guerra e transportado 700 pessoas para a Argélia, colônia francesa no norte da África.
Entretanto, como os agentes da Casa Charles Delrue continuavam sua propaganda no Hunsrück, outras centenas de pessoas continuavam a chegar e aguardavam o embarque nos portos de Ostende e Antuérpia na Bélgica, impedidas de entrar em território francês. Pressionado pela Bélgica e pela própria imprensa, o reino da Prússia afinal se viu obrigado a receber de volta sucessivas levas de migrantes, que a Bélgica transportava até a sua fronteira. Inicialmente, as pessoas eram levadas para o Abrigo dos Pobres (Armenhaus) em Brauweiler e depois reconduzidas às suas cidades de origem, muitas vezes encontrando forte oposição da população local. Numa época em que milhares de alemães emigravam para a América do Norte, Austrália, Hungria, Brasil e vários outros destinos, houve cidades que pagaram as passagens para os seus pobres emigrarem. Vale mencionar que o Brasil é apresentado por aquele jornal como um país que, graças ao seu governo, oferecia condições para os seus imigrantes prosperarem (os primeiros imigrantes germânicos tinham vindo duas décadas antes).
Estes fatos, assim como o relato a seguir certamente ilustram os motivos que levaram tantas famílias a buscarem aqui novas oportunidades. O redator do jornal relata haver testemunhado o desespero de um grupo destes migrantes na Bélgica que, diante da proposta de serem transportados de volta, teriam declarado que “preferiam lançar-se ao mar a voltar para o Hunsrück, onde não haviam possuído nada e também nunca poderiam chegar a ter algo, e onde - sobretudo no inverno - faltavam todos os meios de se ganhar o mínimo com o próprio trabalho”.
Melhor fortuna tiveram os Brand, que conseguiram embarcar no penúltimo dos 13 navios. O veleiro “Pampa”, que zarpou de Dunquerque com 138 passageiros sob o comando do capitão Wordinger em 23.08.1845, aportou no Rio de Janeiro 54 dias mais tarde, em 16.10.1845 com 137 colonos. Após a penosa travessia marítima, começava uma etapa ainda mais sofrida para muitas famílias, pelo fato de que no alto da serra não havia onde abrigar tantas pessoas de uma vez, sendo os colonos obrigados a longa permanência em abrigos improvisados ao longo do caminho, condições que foram fatais para pessoas já debilitadas pela viagem, principalmente crianças. Devemos lembrar que muitas pessoas provavelmente tiveram dificuldades para alimentar-se durante a travessia, devido ao enjôo causado pelo balanço do mar.
Primeiro tinham de passar pelo período de quarentena, mal-acomodados em depósitos superlotados em Niterói. Depois, atravessando a Baía de Guanabara, em pequenas embarcações viajavam cerca de nove horas até o porto da Estrela às margens do rio Inhomirim, na Baixada Fluminense. Aqui muitas famílias ficaram abrigadas provisoriamente em barracões até que houvesse vagas para acomodá-las mais adiante, na Raiz da Serra, nas instalações da Fábrica de Pólvora da Estrela. Ali chegavam após uma jornada de quatro horas feita a pé, mulheres e crianças em carros puxados por várias juntas de bois, a bagagem no lombo de mulas, conforme escreve um imigrante. Neste local ocorreu a maior parte das mortes, causadas principalmente por diarréia e febre tifóide devido às deficientes condições de asseio, alimentação e saúde. No cemitério de Inhomirim, que ficava nas imediações da Fábrica de Pólvora, registra-se o sepultamento de vários adultos e dezenas de crianças, motivo pelo qual passou a ser chamado Cemitério dos Anjos. Finalmente, a subida da serra era feita a pé ou no lombo de mulas pelo Atalho do Caminho Novo, uma trilha de tropeiros que ligava o Rio de Janeiro às Minas Gerais, com uma escala no Meio da Serra, onde existiam ranchos para os viajantes.
Chegados, enfim, a Petrópolis, ficavam mais uma vez abrigados em barracões. Conforme relata um imigrante, a vida era muito cara em Petrópolis e, após a chegada, tinham de arcar com as despesas de sustento da família, além de ressarcir o governo pelas despesas da viagem. Para isso, trabalhavam nas obras públicas da cidade como abertura de estradas, canalização de rios e calçamento das ruas centrais, construção do Palácio de D. Pedro II ou ainda de outras residências e palacetes da aristocracia brasileira, que viria passar os meses de verão (de novembro a maio) em Petrópolis. Depois de receberem os seus prazos de terra cobertos de mata, tinham de limpar o terreno e construir sua casa com o próprio material nele encontrado. Assim, finalmente, podiam voltar a ter um lar.
Foram medidos e demarcados 851 prazos (lotes) de terra nos vales dos rios, distribuídos em 2 Vilas Imperiais e 22 Quarteirões (tradução literal da palavra Viertel, que em alemão significa bairro). Os nomes de muitos quarteirões lembravam cidades ou regiões da terra natal dos imigrantes, tais como Quarteirão Bingen, Nassau, Ingelheim, Renânia, Palatinado, Castelânea, Siméria e outros. Os prazos de terra designados para os Brand eram prazos de quarta classe, mais distantes da Vila Imperial e destinados aos agricultores, medindo em torno de 5.000 braças quadradas. Tinham isenção de oito anos para começarem a pagar a jóia de 20$000 (20 Mil-Réis) e o foro anual.
Adão Brand recebeu a gratificação imperial de 35$000 (35 Mil-Réis para família de 7 pessoas) para si, sua esposa Anna Catharina Huhn e cinco filhos: Jacob, Anna Margarida, Pedro, Adão e João. Seu prazo de terra é o de n° 3420, no Quarteirão Presidência, à margem do Rio Cavalcanti, com área de 7200 braças quadradas. Antes de emigrar, a família havia residido em Reich (municipalidade de Simmern) e freqüentava a paróquia de Biebern. Em Petrópolis nasceram as filhas Estephania e Anna Maria. Muitos de seus descendentes vivem ainda em Petrópolis ou em outras cidades do estado do Rio de Janeiro.
João Nicolau Brand recebeu a gratificação imperial de 10$000 (10 Mil-Réis para duas pessoas) e o prazo de terra n° 4207 no Quarteirão Renânia Superior, medindo 5.725 braças quadradas, mediante pagamento da jóia de 20$000 (vinte Mil-Réis), mais foro anual de 5,72 Réis. Ficava às margens do rio Quintandinha na frente e do rio Siméria na lateral, e não muito longe do prazo de terra de seu sogro, Antonio Platten. O casamento de João Nicolau Brand com Anna Maria Platten certamente se deu em Petrópolis, onde se registra, entre 25.11.1847 e 22.05.1859, o nascimento de sete filhos do casal: Catharina, Jacob, Margarida, Anna Maria, Elisabeth, Maria e Francisca.
Não demorou muito para se constatar o “fracasso colonial agrícola devido às terras inférteis, aos vales estreitos e úmidos e às vertentes de declividades acentuadas sujeitas a erosão”, sem falar da pequena extensão das propriedades. Além disso, a partir da emancipação de Petrópolis em 1857, as verbas do governo destinadas para a Imperial Colônia começaram a escassear até serem praticamente abolidas a partir da instalação da Câmara Municipal em 1859. A Imperial Colônia Germânica de Petrópolis, inaugurada em 1845, foi extinta em 06.01.1860. Com a redução de obras públicas e particulares, fonte de subsistência para muitas famílias (as fábricas de tecidos só seriam instaladas a partir de 1873), vários colonos deixaram Petrópolis em busca de melhores oportunidades, incluindo João Nicolau Brand e sua família. Seu prazo de terra, cujo título havia recebido em outubro de 1858, foi vendido a Pedro Theodoro Forster em dezembro de 1859.
Conforme registros no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, a família chega a Porto Alegre em 14.01.1860 através de Rio Grande, a bordo do vapor Marquês de Caxias, provenientes de Petrópolis. Registros 5089-5097 fls. 162/163 para o casal e sete filhos, a saber: Catharina (12 anos), Jacob (10), Margarida (8), Anna Ma. (6), Elisabeth (4), Maria (3), Francisco (9 meses). A família se estabelece no atual município de Tupandi, então pertencente ao município e à paróquia de Triunfo. Na época, a comunidade chamava-se Picada São Salvador, em 1939 o nome muda para Natal e em 1945 para Tupandi. Em 1860 São Salvador contava 20 famílias e os moradores decidiram comprar meia colônia de terra para edificar uma escola, que também lhes serviria de igreja até a construção de uma capela em 1866, quando já se contavam 80 famílias. Ali João Nicolau Brand e Anna Maria Platten teriam ainda outros seis (ou talvez sete) filhos, a saber: Bárbara, Nicolau, Philomena, Teresa, Antonio Jacob, Susana. No necrológio (Todesanzeige) de Anna Maria Brand, nata Blatten, menciona-se que a falecida deixa 11 filhos, 115 netos e 59 bisnetos, enquanto 3 filhos e o seu esposo a haviam precedido na morte. Seus descendentes se espalharam pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e vários outros estados e países.
Antonio Platten e sua esposa Anna Susanna Andres, os pais de Anna Maria Platten, vieram de Buch, municipalidade de Kastellaun, também no Hunsrück. Ele recebeu a gratificação imperial de 25$000 (25 Mil-Réis para família de 5 pessoas) e o prazo de terra n° 2014 no Quarteirão Siméria. Sabemos que o menino Antonio Blatten foi sepultado no Cemitério dos Anjos de Inhomirim em 20.10.1845. As filhas Catharina Platten e Maria Platten são madrinhas das sobrinhas Catharina Brand e Maria Brand, respectivamente. Em Petrópolis registra-se em 07.10.1856 o casamento de Maria Margaretha Platen, nascida em 1838, com Valentim Sperle II. E há vários registros de batismo de filhos de Catharina Platten e João Wendling, que também foi padrinho de Francisca Brand.
De Christóvão Brand, o único registro que temos até o momento é o de sua morte (Tupandi, registro católico de óbitos 1,18v), alfaiate, falecido em 24.11.1888 em consequência de picada de serpente. Como seu nome não aparece nos registros de Petrópolis, é possível que tenha vindo mais tarde diretamente para Tupandi.
...
Os imigrantes Brand do Hunsrück são parentes
O primeiro Brand de que se tem notícia na região do Hunsrück é Hans Peter Brand da localidade de Womrath, que foi casado primeiramente com Elisabeth Getrud (falecida em 16.04.1695 aos 53 anos). Em 07.05.1697 o viúvo Hans Peter Brand casou-se com Agnes Kauffmann. É de seus filhos Johann Michael Brand e Tilmann Brand que descendem os vários imigrantes Brand do Hunsrück identificados até este momento no Brasil.
De Johann Michael Brand descendem os três irmãos Johann Adam Brand, Johann Nikolaus Brand e Christoph Brand de Reckershausen. Eram filhos de Johann Adam Brand (1786-1846) e Anna Catharina Kunz (1785-1825), netos de Johann Adam Brand (1736-?) e Anna Gertrud Thomas (1740-?), bisnetos de Johann Adam Brandt (1713-?) e Anna Catharina Müller (1715-1758), trinetos de Johann Michael Brandt (?-1738), que se casou com Maria Catharina Christ (1685-?) em 1709, iniciando a história da família Brand em Reckershausen. Em Biebern e Fronhofen vivem atualmente descendentes de Catharina Brand, a irmã mais velha dos três irmãos imigrantes.
Tilmann Brand e sua esposa Anna Elisabeth são antepassados dos Brand de Biebern, descendentes de seu filho Johann Michael Brand, que ali se estabeleceu em 1738 ao se casar com Anna Maria Johann. De lá imigraram os primos Johann Christoph Brand (filho de Johann Christoph Brand e Anna Catharina Wust) e Joseph Brand (filho de Johann Nepomuk Brand e Anna Elisabeth Christ), assim como o tio deles, o imigrante Joseph Anton Brand (filho de Johann Christoph Brand e Maria Margaretha Wust, neto de Johann Michael Brand e Anna Maria Johann).
Não se sabe ao certo quando Johann Christoph Brand (naturalizado Cristóvão Brand) imigrou, mas é provável que tenha sido em 1847, pois residiu primeiro na Armação da Piedade, colônia fundada naquele ano no atual município de Governador Celso Ramos-SC. Consta que se casou em 04.03.1848 na Catedral de Florianópolis com Maria Basília Sagaz e seus filhos foram batizados na capela da Piedade e na Matriz de São Miguel da Terra Firme, atualmente Biguaçu-SC. Posteriormente a família se estabeleceu em Brusque, pois a Colônia Piedade não prosperou e seus habitantes se dispersaram.
Joseph Brand (naturalizado José Brand) veio com sua esposa Margaretha Zirwes (no Brasil Margarida Zerwes/Zerbes/Cerbes) e sua filha Margaretha (Margarida Brand) nos primeiros anos da década de 1850, estabelecendo-se na Picada Feliz-RS. Viúvo, casou-se em 1870 com Bárbara Sauer. Registros de batismo e casamento de seus filhos e netos encontram-se a partir de 1856 nos livros de São José do Hortêncio, Ivoti, Tupandi, Bom Princípio, Santo Inácio da Feliz.
Joseph Anton Brand (naturalizado José Brand), viúvo de Maria Sophia Härter também imigrou para Petrópolis em 1845 com os filhos Anna Catharina Brand, Joseph Brand, Anna Elisabetha Brand, Matthias Brand e Johann Brand. Recebeu o prazo de terra n° 3419 no Quarteirão Presidência, contíguo ao de Adão Brand.
Do ramo de Biebern também descende Hans Werner Brand, que veio de Biebern com sua família em abril de 2011 para participar do VII Encontro da família Brand em Florianópolis. Seu trisavô Peter Brand era irmão do imigrante Johann Christoph Brand (Brusque). Outro irmão deles, Johann Brand, também teria emigrado e retornado do Brasil, vindo a falecer em Biebern, conta Hans Werner Brand. Ainda não encontramos registros que confirmem a passagem dele por aqui.
Talvez venhamos ainda a descobrir outros parentes Brand no Brasil, na Alemanha ou mesmo em outros países.
(Isolde Marx - outubro de 2010 / atualizado em outubro de 2011 - http://www.familiabrand.com.br/historico.php)
Que pesquisa maravilhosa! Que alegria por encontrá-la! Muito obrigada por dividir essas informações! Sou descendente da família Brand. Minha bisavó
ResponderExcluirEva Angelica Brand era filha de
Francisco Adão Brand que era filho de
Adao Brand (casado com Margarida Pissurno).
Não Tenho informações sobre os pais de Adao Brand (casado com Margarina Pissurno) você teria alguma informação para me fornecer?
É interessante que tenho mais um ramo de ancestrais Brand.
Francisco Adao Brand que citei acima se casou com Maria Isabel Latsch que era filha de Anna Margarida Brand, filha de Adao Brand II e Anna Maria Sindorf. Aqui mais um ponto de onde não consigo passar! Se você tiver qualquer informação sobre os Brand que possa me fornecer ficaria muito grata! Mais uma vez parabéns pelo maravilhoso trabalho realizado!
Boa tarde, Camila!
ResponderExcluirEu sou o Fabio Lucio Brand, pesquisador da Família Brand. Pelo seus relatos aí, nós somos parentes bem próximos. Encontra-me no Facebook se tiver maior interesse!