quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


A VIDA DOS COLONOS ALEMÃES EM PETRÓPOLIS EM 1853







"Do relatório do conselheiro Luiz Antonio Barboza, presidente da Província referente ao ano de 1853:


“Os colonos continuam a ocupar-se, de preferência, nas obras públicas e particulares, cultura do capim angola, e transportes por carros, porque encontram nisto lucros imediatos; e só no futuro, quando se dispensarem daquelas obras, pode-se esperar que se apliquem às culturas apropriadas ao terreno e clima, ou mais vantajosamente a estabelecimentos industriais, que começam e cumpre animar. O estado de fortuna dos colonos é geralmente satisfatório, possuindo alguns um capital superior a 5 contos de réis; o pequeno numero de pensionistas da caixa de socorro, que sobe apenas a 16, prova o enunciado. A população colonial propriamente dita compreendia, em 31 de Dezembro do ano findo, 2.959 indivíduos, inclusive 715 já nascidos no Brasil, verificando-se um aumento de 114 sobre o recenseamento do ano anterior. Nota o diretor (Ten. Cel. Alexandre Manoel Albino de Carvalho) a conveniência de dar instrução primária mais nacional aos alunos que frequentam as escolas alemães; parece-me muito bem fundamentada essa opinião, e medito sobre os meios de realizá-la na prática.

O comércio de Petrópolis continua a prosperar. Além de muitas lojas e armazéns, existem já 3 casas centrais para receber cafés dos fazendeiros, e remetê-los ao embarque, e é provável que tenha muito maior desenvolvimento quando se conclua a estrada dali para Minas, e se consiga abrir a do Paty do Alferes. A fábrica de calçado Carioclave não foi ainda restabelecida: o cidadão Joviano Varella trata de restaurá-la, esperando os mesmos favores que se concederão ao primeiro empresário: as dificuldades a respeito da extensão dos direitos dos herdeiros e sócios desta tem embaraçado os bons desejos do novo empresário. A interessante fábrica de tecidos a ponto de malha não tem podido desenvolver-se por falta de recursos do empresário Alfredo de Gand; entretanto vai trabalhando, e os tecidos são procurados para muitos usos: trata o empresário de incorporar uma companhia com o fundo de 80 contos. Continuam a trabalhar 3 fábricas de cerveja em grande escala, e a de serrar madeiras em curva, movida por água. Entre diversas oficinas existem relojoarias, ferrarias, olarias, etc. A povoação contem 773 casas, sendo algumas de grande custo e gosto: este numero excede em 19 ao das que existiam em dezembro de 1852, e ficam 27 em construção”.


(Acervo Gabriel Kopke Fróes)

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